segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Convênio ou Particular?


Essa pergunta provoca diferentes emoções, dependendo se somos o paciente que a escuta ou o profissional que a faz. Digo isso, pois recentemente, por conta de uma fratura, fiquei na posição de paciente-beneficiário de plano de saúde. Ali, aguardando ser atendido, além da dor, tinha outra angústia: será que vou ser bem tratado mesmo sendo um “paciente de convênio”? Senti-me membro de uma daquelas castas inferiores da Índia.
De repente, toda a conflituosa relação dos profissionais da saúde com os “convênios” veio juntar-se à minha dor e ansiedade naquela maca de pronto-socorro. Para o meu alívio fui tratado de forma humana e profissional. Ufa! Passado o susto – e a cirurgia – ficaram profundas reflexões sobre essa forma especial de relação profissional-paciente.
A pergunta que não quer se calar é: como nós Cirurgiões-Dentistas tratamos os pacientes de convênio que colocam em nossas mãos o seu bem mais valioso: a saúde? Afinal, eles, assim como eu, também ficam ansiosos quando escutam a célebre pergunta: – Você tem convênio ou é particular?  Esse temor não é apenas uma fantasia do povo, mas tem suas razões de ser. Onde há fumaça há fogo, como diz o velho ditado…
Ocorre que, ao lado de exemplares colegas e equipes que tratam com dignidade e ética toda e qualquer pessoa, sem levar em consideração se ele é “de convênio” ou ‘particular”, existem aqueles que, lamentavelmente, por seu comportamento inadequado, acabam por criar no imaginário popular esse medo do “dentista de convênio”, um verdadeiro estigma que faz com que muitos colegas relutem em anunciar sua condição de credenciados a operadoras, temendo afastar os clientes particulares!
Por conta desses poucos maus exemplos, o público acredita que o “dentista de convênio” é assim:
- nunca tem consulta próxima, mas se eu disser que sou particular tem consulta para amanhã.
- mal me cumprimenta…
- não conversa comigo, pois me atende em apenas vinte minutos.
- vive desmarcando minhas consultas.
- fala mal do meu convênio dizendo que o que recebe não paga suas despesas. Quando escuto isso fico com medo de ele usar em mim material de segunda.
- Quer me cobrar por coisas que tem cobertura no meu plano.
Como o assunto é relevante, polêmico e palpitante, continuo no próximo artigo.
Vitor Ribeiro
vitor.ribeiro@folha.com.br

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