O cirurgião dentista está submetido a riscos variados durante o exercício profissional, contudo, o risco biológico seja pela produção de aerosóis, contato com sangue e saliva, a utilização de turbinas de alta rotação, instrumental perfurante ou cortante torna-se de grande relevância para a categoria pela possibilidade da infecção cruzada causada por agentes etiológicos distintos, a citar vírus, bactérias, fungos e príons.
A prática de trabalho segura com a adoção de medidas de precaução universal, utilização adequada dos Equipamentos de Proteção Individual - EPI, vacinação contra doenças imunopreveníveis como hepatite B, tétano e outras, além da educação continuada em serviço são fundamentais para reduzir os riscos ocupacionais para a equipe odontológica e a exposição também dos pacientes.
As doenças profissionais e os acidentes de trabalho constituem um importante problema de saúde pública em todo o mundo, seja por lesão visível com perfuro-cortantes ou respingo de material biológico. Qualquer que seja a forma de exposição, deve-se ficar atento às recomendações preconizadas pelo Ministério da Saúde, como veremos a seguir:
1. É importante primeiro entender a ocorrência da exposição ocupacional.
2. No momento da ocorrência deve-se manter a calma para tomada de atitudes frente à exposição e, dentro do possível, concluir o procedimento.
3. O Ministério da Saúde recomenda que as medidas de proteção sejam iniciadas nas 02 horas após a exposição e preferencialmente até 72 horas.
4. Se houver lesão aparente (ferimento na pele) lavar com água e sabão. Neste caso não utilizar soluções cáusticas, injeções de anti-sépticos ou abertura dos ferimentos, nem espremer a ferida.
5. Se o contato ocorrer em mucosa ou conjuntiva ocular, lave abundantemente com água.
6. Se o contato do material biológico, sangue ou fluidos orgânicos for sobre a pele íntegra, lavar abundantemente com água e sabão.
7. Dirija-se imediatamente a um Centro de Referência para notificar a exposição ocorrida, levando sua caderneta de vacinação ou informe seu estado vacinal. Deve ser preenchida a Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT ou outra ficha.
8. A exposição será avaliada por médico infectologista, que analisará fatores determinantes como: presença de área de retenção de material, como agulha anestésica diferentemente de agulha de sutura, presença de sangue visível no instrumental, grau de dano ao tecido humano e carga viral do paciente.
9. Identifique o paciente – fonte para avaliar sua situação de saúde.
10. Deverá ser coletado sangue do profissional e do paciente – fonte para realização de sorologias Anti HIV; HBsAg; anti-HBs; anti-HBC e anti-HCV, além de hemograma, transaminases (AST e ALT), uréia, creatinina e glicemia basal.
11. Caso os exames indiquem situação de risco será iniciada a quimioprofilaxia.
12. As sorologias serão repetidas com06 semanas, 03 meses, 06 meses e 01 ano após a exposição.
13. O profissional deverá retornar à consulta médica semanalmente.
Obs.: Se o paciente se recusar a fazer a coleta de sangue para o teste rápido e os demais exames quando necessários, será considerado soropositivo com alto título viral.
Prevenir ainda é a melhor política para prevenção de acidentes no ambiente de trabalho. Para isto, planeje suas atividades, promova um ambiente tranqüilo, não improvise, faça uso dos EPIs, vacine-se, adote medidas de precaução para assistir a qualquer paciente e promova a educação continuada em serviço.
Referência: Biossegurança e Prevenção da Infecção Cruzada em Saúde Bucl. Coordenação Nacional de Saúde Bucal, 2004.
Autoria: Rosângela Góes Rabelo, profa. da Universidade Federal da Bahia e Samir Dahia, cirurgião-dentista coordenador do serviço de odontologia do CEAIDS
Artigo publicado no Jornal da ABO-Bahia – edição de setembro/2006, página 11.
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